Dia da Mulher impulsiona e-commerce brasileiro após quatro meses de baixa
Em meio à discussão sobre tributação, asiáticas se consolidam entre marcas mais visitadas no país
A primeira data comemorativa de peso do ano – o Dia da Mulher, no começo
de março – impactou positivamente o tráfego das plataformas de
e-commerce brasileiro.
Depois de uma queda de quase 15% em fevereiro, o número de acessos subiu 8% no mês seguinte, alcançando 2,31 bilhões de visitas únicas, segundo o Relatório Setores do E-commerce da Conversion.
Foi a primeira alta no tráfego do comércio eletrônico do país em quatro
meses – puxada principalmente pelos acessos via web (9,2%).
Diego Ivo, CEO da Conversion, acredita que só a ocasião da data sazonal não
explica o desempenho de março. Para ele, entra nessa conta o próprio
contexto econômico do país e a situação financeira das famílias nessa
época do ano.
“As dívidas contraídas no fim de 2022, com as compras de Natal, estão
sendo liquidadas agora. Com isso, as pessoas estão voltando a reunir
condições para consumir bens não essenciais ou mesmo para presentear
alguém novamente”, aponta ele.
“Sem contar que, após os primeiros meses de incertezas econômicas, o
quadro parece estar mais bem desenhado, com a inflação em queda e, por
isso mesmo, um aumento tímido do poder de compra”.
O impacto do Dia da Mulher se vê melhor pelos setores mais acessados em
março: o de Presentes e Flores registrou o melhor desempenho, subindo
17%. Além dele, o de Jóias e Relógios também cresceu significativamente
(13,3%).
Ambos estão diretamente ligados a presentes costumeiramente dados na
data.
Já o setor mais relevante do e-commerce, o de marketplaces, que engloba
desde grandes redes de varejo até pequenos lojistas inseridos no mercado
online, cresceu 9% no mês, atingindo 989,5 milhões de visitas – um
aumento que também pode ser analisado a partir dos presentes
procurados para o 8 de Março.
A melhora no mês foi tão significativa, na verdade, que somente um único
setor analisado na pesquisa perdeu acessos: o de produtos para pets,
que caiu sutilmente em 1,3%.
“São dados que reforçam a nossa interpretação da relevância das datas
comemorativas para o mercado como um todo. Nossos dados antecipam
o cenário de vendas dentro da sazonalidade do consumo”, observa Ivo,
lembrando que as buscas no Google geralmente antecedem o momento da
compra dos produtos.
Ranking e Market Share do E-commerce no Brasil (calculados a partir da audiência em sites e apps)
Apenas 10 das maiores lojas do Brasil detêm 50,5% de toda a audiência do
e-commerce no Brasil; o líder Mercado Livre tem 14,8% de share, enquanto
Amazon Brasil tem 7,9% e Shopee tem 6,3%.
ASIÁTICAS SE SOLIDIFICAM ENTRE MAIS ACESSADAS
Como não poderia deixar de ser, o desempenho positivo de março afetou o
tráfego das marcas. O Mercado Livre permanece na ponta, somando quase
o dobro de visitas únicas do segundo lugar, a Amazon Brasil.
Em março, a plataforma argentina cresceu 8%, chegando a 340 milhões de
acessos. A Amazon, por sua vez, cresceu 13,7%, enquanto a Shopee teve uma alta mais tímida, de 4%.
As plataformas asiáticas, aliás, ganham tráfego mês a mês. Hoje, além da
Shopee, a AliExpress já se consolidou na quinta colocação entre as mais
visitadas, subindo seus acessos em 14% no mês passado.
Com 82,2 milhões de visitas, ela vê a chinesa Shein se aproximar, com 75,9
milhões (ocupa a sexta posição).
Esses dados são ainda mais relevantes considerando que, a partir de agora,
essas plataformas não terão mais o benefício da isenção fiscal em
compras abaixo de US$ 50 entre pessoas físicas. Em outras palavras, a
imensa maioria das compras feitas nesses e-commerces será tributada.
O anúncio da medida gerou um amplo debate sobre a atuação dos sites
asiáticos no mercado brasileiro. Pesquisas recentes mostram que a principal vantagem delas, hoje, é justamente o preço mais baixo dos itens
disponíveis.
No Share of Search, por fim, a Amazon retomou a ponta da lista geral,
reunindo 49% das buscas do setor de marketplaces no Google e seguiu como
o melhor desempenho geral.
Ela é seguida pela Stanley, de Presentes e Flores (42%), e a Loja do Mecânico, de Ferramentas e Acessórios (40%).